terça-feira, 27 de março de 2012

00:47



Aqueles momentos em que me sinto como lixo, em que a única coisa que me apetece fazer é sentar-me num canto, ou deitar-me na minha cama, esquecer o mundo e chorar. Chorar até não haver mais lágrimas, até todas elas secarem, nem que para isso seja preciso formar um novo rio com elas. Porque é só nestes momentos que todos os erros, medos e perdas do passado voltam a assombrar-me, e tudo à minha volta fica escuro, de tal forma que se der um passo, estou a da-lo em falso, porque não sei o que existe à frente, se é uma estrada de felicidade, ou apenas um buraco ainda mais escuro do que a nuvem onde me encontro. Mas eu já estive assim várias vezes, e sempre dei esse passo incerto. Algumas vezes, o que tinha à frente era a estrada, outras o buraco, mas também já tive a combinação das duas: um imenso caminho amplo e harmonioso, mas que afinal tinha um término, e esse fim era consumado num buraco fundo, talvez ainda mais profundo e mórbido do que os outros. Porquê? Porque estes tiravam-me toda a felicidade e todas as conquistas que fui alcançado ao longo daquela caminhada.
Aí, a única coisa que me restava fazer era deixar-me cair, porque sempre que me apercebia de que aquela descontinuidade estava lá já era tarde, e depois de já ali estar dentro tinha duas opções: continuar naquele lugar severo até que alguém me salvasse; ou eu própria teria de fazer uma escada até à superfície com o que tinha, e o que tinha era desilusão, esperança adormecida e alegria em estado de coma, prestes a evaporar-se, a extinguir-se. Eu ainda decidi optar pela primeira hipótese, mas começou a demorar muito e eu sabia que era capaz de sair dali, eu tinha de o conseguir. E assim fiz. Com tudo o que tinha, que era muito pouco, aliás, quase nada, comecei e tempos depois estava eu cá fora novamente, pronta para a vida que me esperava. Mas estes medos têm vindo a ficar presos em mim, e não os tenho conseguido libertar.
Por isso, desta vez não vai ser diferente.Vá Filipa, levanta a cabeça e segue em frente.
"Faz-te à vida, ninguém o vai fazer por ti. Justifica a razão de estares aqui."

4 comentários:

sophie disse...

gostei muito :)

Inês disse...

Está lindo! parabéns escreves muito bem!

dr. ♥ disse...

adorei o texto! *o*

Anónimo disse...

Olá (:
O meu blog é de histórias, e gostava muito que o visses ^^
Se gostares segue-me que irei seguir de volta. E deixa um comentário só para saber por favor (: