segunda-feira, 18 de abril de 2011

    Apercebi-me de que quando mais preciso de companhia, são as alturas em que estou sozinha. Apercebi-me de quando quero estar sozinha tenho gente, constantemente, a falar para mim e a fazer perguntas completamente desnecessárias só para saber o que tenho e, na verdade, só o perguntam porque querem saber o que aconteceu, só querem ficar a par de tudo o que acontece.
    Tenho dificuldade em compreender-me. Quando só me apetece implorar "Venham fazer-me companhia. Eu preciso de vocês!", o que faço é dizer para que me deixem sozinha; quando só tenho vontade de gritar "Deixem-me em paz!" a única coisa que consigo fazer é ir acumulando as pessoas em meu redor.
    Eu tento contrariar isto, mas para já todas as tentativas foram falhadas, não passaram disso mesmo, de tentativas. Preciso de encontrar dentro de mim algo que me motive e que volte a aumentar a minha determinação.
    Estou numa fase de reconstrução. Ou seja, é como se eu esteja partida, em milhões de pedacinhos muito, muito pequeninos. Sendo assim o que tenho a fazer é encontrar todos esses pedacinhos e voltar a construir-me, voltar a ser a pessoa que era. No entanto, existe um lugar que não irei conseguir reconstruir, por isso esse vazio irá permanecer. Esta fase é bastante complicada, sobretudo, porque funciona como um castelo de cartas, e tal como este, eu estou frágil em demasia, e ao mínimo sopro... Puf! Estou desmoronada, outra vez no chão.
     Só me resta continuar. Bocado a bocado, passo a passo, segundo a segundo, de lado para lado,... Vai ser assim, devagar, para que tudo fique bem compactado e para que tal desastre não volte a acontecer, porque a recuperação é a parte mais árdua do sofrimento, da saudade e da ausência.

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