terça-feira, 19 de agosto de 2014

Continuar errada



Bendita a sã insanidade que me faz manter a minha identidade, aquela que me faz querer ser eu. Maldita a doentia sanidade que me elucida a ser outro alguém, porque me faz pensar que sou má pessoa. Mente demasiado complicada, pensamentos em espiral, suposições enroladas como um novelo de lã, que me fazem ser quem sou, não sabendo ao certo o tipo de ser racional que sou, se é que possuo mesmo a razão que me torna humana. Afinal, sou humana por ser-me permitido usar a razão ou porque estou totalmente desviada do padrão de ser uma "boa pessoa"? Afinal, o que sou eu?
Pensamentos que me levam até lugares nos quais fico perdida durante algum tempo, que me fazem entrar no labirinto a que chamam consciência. Consciência é aquele mal que nos faz rever e pensar sobre todos os actos praticados na nossa irrelevante e insignificante existência, atribuindo-lhes um valor, ou a falta dele. É ela que nos faz pensar se somos alguém muito pequeno ou se somos alguém que está pronto a fazer parte da vida dos outros de uma maneira saudável. "Maneira saudável", quanta ironia... Neste mundo seremos todos naturalmente débeis com umas mentes mais obscuras que outras? Acredito que sim, o que começa quando muitos de nós, humanos, não somos capazes de revelar completamente o que somos, sem desvios ou omissão de factos que nos levaram a ser desta forma, ou, simplesmente, por não sabermos o que nos tornou assim. "Assim"... Palavra que assenta perfeitamente em toda a gente como uma roupa feita exactamente com as nossas próprias medidas, neste caso, com a nossa própria mente.
Balanço entre dois extremos, achando sempre que o centro é a posição mais favorável em qualquer situação que me apareça, mas quase nunca o consigo alcançar. Mas e se a vida não for feita de extremos? Bem, se assim for, é certo que estou a viver a minha muito mal. Até saber responder a isso, vou continuar a visitar os extremos, porque se o meio termo for o correto, eu quero continuar errada.

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