domingo, 17 de julho de 2011

O Vazio Totalmente Preenchido #1



Vitória tinha tido um dia cansativo, não queria acreditar no que tinha acontecido e, por isso, decidiu sentar-se num banco do parque perto da sua escola, a chorar. Aquelas palavras tinham-na magoado, tinham feito senti-se a pessoa mais inútil do planeta. Podiam ter-lhe dito todo o tipo de coisas, contudo se havia alguma coisa que ela não aceitava que lhe dissessem era que não era capaz de nada, que apenas andava a reboque dos outros e que tudo o que fazia não tinha qualidade nenhuma, mas, sobretudo, culpa-la de uma coisa que tinha sido obra de uma força qualquer. De repente, começou a chover torrencialmente e Vitória nem um milímetro se moveu. Era como se a natureza estivesse a ser solidária com ela, e ela parecia saber disso. Começou a sentir-se o cheiro a terra molhada no ar, como é habitual nas tardes chuvosas de Verão.
Entretanto, ao longe, era visível um vulto que vinha a correr em direcção a ela. Era Santiago, um rapaz novo na escola com o qual Vitória já tinha trocado olhares. Ele era moreno e alto, e os seus olhos, tal como os de Vitória, eram de um tom castanho tão escuro que, por vezes, pareciam pretos. Ao vê-la naquele estado, Santiago aninhou-se em frente a ela e não disse nada, abraçou-a, apenas.
Depois de alguns minutos ali, estavam ambos encharcados, e Santiago perguntou:
-Que se passa, Vitória? Já agora, eu sou o Santiago.
-Como sabes o meu nome?
-Bem, assim que te vi, achei que eras diferente, especial, resolvi tentar saber algo sobre ti e a única coisa que descobri foi o teu nome. Mas agora, isso não importa, é óbvio que precisas de ajuda.
-E quem me vai ajudar? Tu que não me conheces, só sabes o meu nome?! - ripostou Vitória num tom de raiva e revolta.
-Sim, estás certa, mas... eu só quero ajudar, talvez até já me tenha acontecido o mesmo e, mesmo não me conhecendo, quero que saibas que podes contar comigo. Fico com o coração partido ao ver-te assim.
Posto isto, voltaram a abraçar-se e Vitória chorava como uma criança à qual lhe tinham tirado um rebuçado. Estava sufocada.
-Queres ajudar-me? Então tira-me daqui, por favor!
-Levo-te para onde? - abordou-a Santiago sem saber o que fazer. Eles só tinham dezasseis anos, não estavam acostumados com estas situações.
-Não sei. Vou a casa tomar um banho quente, trocar de roupa. Tu vais fazer o mesmo, e depois encontramo-nos.
-Ok, fico à tua espera junto à escola - disse Santiago com um sorriso nos  lábios.
Vitória não respondeu. Levantou-se do banco e voltou a abraça-lo.
E cada um seguiu o seu caminho, em sentidos opostos.

4 comentários:

dr. ♥ disse...

gostei de ler *.*
e és sim senhora ! :3

cris disse...

obrigadaaaa fofinha :)

Ana disse...

gostei muitoo

J disse...

Adorei e espero por mais.
Gosto da música*